sábado, 6 de novembro de 2010

No Sul da Índia - bem vindos a Hyderabad

Deixe pra trás as tumbas e as marcas da invasão islâmica. Lembre-se, em vez disso, dos portugueses e da terra onde chegaram há 512 anos atrás. Em 1498 Vasco da Gama aportava aqui, no sul da Índia. Encontrou por mar o que árabes, persas, romanos e chineses já haviam conhecido há muito tempo. Uma terra quente e de coqueirais, cheia de uma gente escura e de cabelos compridos, ricos em cores vivas e de mercados vibrantes cheios de especiarias e misticismo. É esta parte da Índia que eu vou descobrir este novembro.

De Varanasi peguei um trem com dois mineiros, um rapaz da minha idade e seu pai, um coroa boa praça e que tinha uma frase favorita. Volta e meia na conversa ele sempre dizia: Todo gordo dorme tarde. Ele próprio não era gordo, nem o filho. Mas a frase ficou marcada.

A passagem por Delhi foi veloz. Fiquei lá alguns dias novamente no reduto dos Bhalla, mas a bruxa estava solta na casa e eu fiquei contente de passar a maior parte dos dias no congresso em que eu estava participando. Dona Bhalla estava no hospital e eu nem vi (problema nas plaquetas, pelo que eu soube). Seu Bhalla não falou nada, eu soube pelo vizinho. Seu Bhalla estava parecendo que tinha apanhado de porrete, e dizia que estava com febre também. Ele que já é um sujeito taciturno e que às vezes não responde o que você pergunta, estava mais ainda. Só me lembrei da música do Skank: Vamos fugir deste lugar, baby. Qualquer outro lugar ao sol, outro lugar ao suuuulll...
Paisagem do litoral do sul da Índia

E pra o sul eu vim. A primeira parada é Hyderabad (pronunciada Rai-deraBAD, com som de A mesmo), considerada o portal entre o norte e o sul da Índia. Aqui há ainda uma grande presença islâmica (mais da metade da população), apesar dos traços culturais do sul da Índia estarem ao redor (línguas diferentes, comidas diferentes, etc, eu vou contando isso ao passo que for descobrindo). Hyderabad queria até se juntar ao Paquistão na época da independência, foi preciso o exército vir aqui e intervir.

Lá pelos idos de 1400 os persas já haviam tomado essa região e se instalado aqui, então são 600 anos de presença islâmica na região, por mais longe que esteja do norte da Índia. Havia tolerância religiosa, então vivam muçulmanos e hindus aqui. Os maiores monumentos da cidade são dessa época.
O Charminar, a "mesquita de 4 minaretes", marco do século XVI no centro da cidade velha de Hyderabad
Birla Mandir, templo hindu em mármore branco em Hyderabad. Atmosfera muito agradável, com flores e pássaros.

Registrei também um pouco do movimento da cidade. Esta última sexta-feira foi Diwali, um festival da proporção do Natal para os hindus. É o chamado "Festival das Luzes", e eu acho que chegou a ser explorado na novela. Resultado: o comércio estava uma muvuca, com gente saindo pelo ladrão, saldões mil, e bananeiras por toda parte. É isso mesmo. Aqui é auspicioso pôr bananeiras amarradas na frente da sua loja no dia de Diwali, então a semana inteira o comércio de bananeiras na rua estava em alta. Também não faltavam bananas passadas no chão, e o cheirão incendiando. Eu cheirei tanta fruta velha que acho até que rolou uma fermentação nos meus pulmões. Eu vi a hora de expirar biogás.


Venha arrastar o seu sári no mercado de Hyderabad


Típicas caixinhas de doces de Diwali
O espírito do Diwali é celebrar a vitória do bem contra o mal, por isso as luzes e a festa. As pessoas acendem luzinhas tipo as de natal (com certeza os chineses também exportam pra cá), acendem velas, lâmpadas maiores e coloridas, comem doces e se dão presentes. (Só que os doces indianos são meio carregados demais no açúcar, então não entrei muito). Eles também tocam fogos de artifício, bombas, etc. É uma barulheira só, mas o enfeite nas casas e lojas é bonito.

Eu, pra não ficar de fora, quando estava visitando esse forte aí abaixo, flagrei um pessoal cantando parabéns. Entrei no meio e filei um pedaço de bolo com a aniversariante, hehe.
O Forte de Golconda, nas proximidades de Hyderabad

Bem, encerrado este "portal" Hyderabad, é hora de continuar rumo ao sul em direção ao litoral. Próxima parada: Bangalore, uma das cidades high-tech da Índia. Deixo vocês com algumas fotos curiosas, e até mais ao sul!
Você achava que chinês era estranho? Experimente aí o télugo, língua desta região que usa um alfabeto diferente do hindi.


Pra quem estava procurando o céu, aqui está. E você chega lá de tuk-tuk.

3 comentários:

  1. Aula de história e muita curiosidade! Tem escrito o que no cartaz com um smile e uma escrita onde eles colocam 3 em várias posições e palavras diferentes? Não é língua do P, é lingua do três! hehehehe Beijão,amigo!

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  2. Ae Mairon, se não me engano, essa música é de Gilberto Gil. XD
    É que nossa geração conhece mais a versão do Skank.

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  3. É, acho que você está certo :D

    Coligada, eu perguntei a um cara que estava comigo na ocasião, pelo que ele me disse era uma mensagem pra o povo manter o banheiro limpo :p

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